domingo, 12 de dezembro de 2010

Construí sonhos


Do tempo que levei a sepultar palavras
Das palavras que transformei em silêncios
Dos silêncios que deixei sem repouso
Do repouso a que lancei fogos
Dos fogos que secaram fontes
Das fontes que me levaram a memória aos rios
Dos rios que sem trégua derrubaram minhas pontes
Das pontes donde mirei abismos
Dos abismos onde redescobri a minha dimensão
Da dimensão onde instalei a minha resistência
Da resistência onde me perdi em labirintos
Dos labirintos da esperança que me restou
Construi sonhos
Para que ninguém desse conta
Que as palavras sepultaram silêncios
Condenaram vidas
Adiaram lutas
E que num planeta sem luz pode morrer uma bandeira.

Clara Roque Esteves


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