sábado, 18 de dezembro de 2010

ARCO ÍRIS

Fecho os olhos e reconto as cores do arco-íris
Não falta nenhuma!
O dia foi puro, minutos sem limbos
Mas esta nocturna ilha de silêncio
Reporta-me saudades de ti.
África é longe, é pretérita,
Tu mesmo és pretérito,
Trajecto de ausências.
E assim invado a fúria dos sentidos
Fecho os olhos e retenho a ficção dos aromas
Cega de ti, surda de nós,
Muda do cheiro das nossas saudades.
Aquele adeus partiu em fragmentos
Os presságios de um ar húmido de silêncios.
Os pássaros perderam as penas
Cegos de saudade, cegos de clamores, também.
E vagueiam cegos ainda pelas praias pálidas
De rochedos chorosos
Onde o dedo da brisa cobre nuvens esfumadas.
Os sonhos enrolam surpresas
E eu, impenitente, olho o poente
E em lânguidos silêncios
Mergulho a nostalgia
No perfume da rosa húmida que ontem não me chegou.
De outro modo, como conto as cores do arco-íris?

Clara Roque Esteves

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